Além do RAG: como sumários hierárquicos e curadoria destravam IA de alta performance no Direito
O futuro da advocacia exige criar, não apenas operar. Advogado não é só usuário, é criador. E a IA Generativa é o seu novo superpoder.
Por Ticiane Andrade

Este artigo contém conteúdo original de Ticiane Andrade. Reprodução proibida sem autorização.

© 2025 Ticiane Andrade — Conteúdo protegido por direitos autorais. Uso permitido apenas com autorização prévia.

Uma Nova Visão para a Advocacia
Como advogada, minha paixão é a aplicação da lei e da estratégia para resolver problemas. No entanto, a onda da IA Generativa nos força a olhar além e a participar de um debate que, à primeira vista, parece puramente tecnológico. Proponho aqui elevar essa discussão, saindo da superfície do "RAG tradicional" para explorar uma visão que considero ser o futuro da nossa profissão: um ecossistema de agentes de IA pessoais, moldados pela expertise de cada um de nós.
Esta visão é vanguardista. Ela propõe um olhar alternativo para a conversa de uma ferramenta centralizada, para a autonomia do especialista; ela empodera o indivíduo a criar sua própria solução, e estabelece um novo modelo operacional onde o conhecimento curado localmente enriquece o sistema global.
Mas ao delinear este futuro, eu mesma me questiono: até que ponto o que descrevo é realmente possível hoje, ou é apenas ficção científica?

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O Que Já é Possível Fazer Hoje?
A resposta, surpreendentemente, é que cada componente desta visão já é tecnicamente possível com as ferramentas existentes. O que antes exigia equipes de desenvolvimento e uma infraestrutura complexa, agora está ao alcance de indivíduos com iniciativa.
Construir um "RAG Curado" Pessoal
Um advogado pode, com ferramentas visuais no/low-code, estruturar fluxos que conectem inteligência artificial a bases de conhecimento específicas, tornando o agente capaz de trabalhar com contexto especializado. A forma exata dessa integração depende do caso e do objetivo, variando conforme a estratégia e a curadoria do profissional.
Criar Sumários Hierárquicos de Forma Autônoma
Com a mesma plataforma visual no-code, é possível criar fluxos que transformam grandes volumes de informação em resumos estratégicos e organizados, alimentando agentes de IA com precisão e custo previsível. O método completo varia conforme o contexto e pode incluir desde resumos setoriais até executivos, sempre com curadoria jurídica.
Assim, em vez de obrigar o agente a processar documentos massivos a cada consulta, algo caro e menos ágil, é possível alimentá-lo com versões condensadas e organizadas, preservando o essencial para a análise e mantendo a eficiência..
Integrar com o Conhecimento Institucional
Os sumários e metadados gerados podem ser facilmente enviados para bases de dados vetoriais maiores, permitindo que a inteligência local enriqueça o todo.
Executar Tarefas Agênticas
A capacidade de um agente executar comandos como "Analise este contrato e compare a cláusula X com os 5 exemplos da nossa base curada" é exatamente o que os frameworks de IA agêntica de última geração já entregam hoje combinando contexto, ação e autonomia em um único fluxo.
Portanto, não estamos falando de um futuro distante. Estamos descrevendo uma arquitetura de ponta que pode ser montada agora. A barreira não é mais tecnológica, mas cultural.

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A Evolução Necessária: Do RAG Tradicional à IA Agêntica
A abordagem de um RAG único para todos enfrenta desafios de custo e precisão. A transformação virá ao considerarmos também um modelo descentralizado, no qual cada advogado desenvolve a sua própria solução.

Nota Importante
Reconheço que o trecho a seguir foi sugestão do ChatGPT-5 ao avaliar meu artigo e faz sentido inseri-lo agora, pois antecipa objeções que surgem sempre que se fala em agentes pessoais no contexto profissional.
Embeddings não são mágicos
Embora úteis, dependem de um chunking bem planejado, podem perder conexões entre documentos e exigem reindexações onerosas. Ao usar estruturas de resumo curadas e organizadas por relevância jurídica, é possível aumentar a precisão, rastreabilidade e custo previsível, funcionando como um “índice inteligente” em vez de despejar todo o conteúdo no contexto.
Governança mínima para agentes pessoais
A governança de agentes pessoais exige atenção a pilares como classificação de dados, controle de acesso, rastreabilidade e revisão humana em temas críticos. A forma e a profundidade de cada medida devem ser definidas conforme o contexto e a sensibilidade das informações envolvidas.
Escape hatch para preservar nuance
Em situações críticas, é essencial contar com mecanismos que permitam ao advogado acessar o documento integral quando necessário, garantindo profundidade na análise sem comprometer a agilidade do processo.

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Zelador Digital: mantendo a base sempre viva
Nessa lógica de descentralização, vejo espaço para um agente especializado na manutenção e evolução da base curada, garantindo que ela permaneça atualizada, confiável e alinhada à estratégia e à legislação vigente.
🔄 Evolução contínua
Base sempre atualizada
🛡 Conformidade
Alinhamento estratégico e legal
🔍 Monitoramento sob medida
Acompanhamento adaptado ao cenário
Ao final de cada ciclo, o agente entregaria um relatório para supervisão humana, garantindo que a solução não "envelheça" e se mantenha alinhada à estratégia e à legislação vigente.

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O Advogado como Curador e a IA como Agente
O especialista seleciona sua micro base de conhecimento. Este ato de curadoria é a manifestação de sua genialidade estratégica. Com essa base, a IA não atua mais como um buscador, mas como um agente: um assistente que executa tarefas complexas a partir de um contexto de altíssima qualidade.
Expertise Jurídica
O advogado aplica seu conhecimento especializado para selecionar documentos relevantes
Curadoria de Dados
Criação de uma micro base de conhecimento altamente especializada
Agente de IA
Assistente que executa tarefas complexas com base no contexto curado
Valor Estratégico
Resultados de alta qualidade que refletem a genialidade do especialista
Esta abordagem transforma fundamentalmente o papel do advogado na era da IA, elevando-o de mero usuário a arquiteto de soluções inteligentes.

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O Sumário Hierárquico: A Chave para a Eficiência de Custo
À medida que os LLMs evoluem, o custo por token continuará sendo um fator crítico. O sumário hierárquico funciona como uma camada de compressão inteligente, permitindo que o agente opere sobre um contexto muito menor, com mais velocidade e menor custo. Essa compressão pode reduzir drasticamente a carga de processamento, preservando informações essenciais e aumentando a produtividade do trabalho jurídico.
Documento Original
Alto volume de dados
Contexto extenso e custo elevado
Compressão Inteligente
Processo otimizado
Mantém o essencial com mais eficiência
Sumário Hierárquico
Contexto enxuto
Resposta rápida e econômica
Esta eficiência não apenas reduz custos, mas também aumenta a velocidade de resposta, permitindo uma experiência mais fluida e produtiva.

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O Ciclo Virtuoso: Conhecimento Local Alimentando o Sistema Global
Os sumários e metadados criados pelo agente pessoal podem, então, ser enviados para o RAG institucional. O advogado deixa de ser um consumidor passivo e se torna um gerador ativo de inteligência, enriquecendo o conhecimento coletivo.
Advogado A
Especialista em Direito Tributário
Advogado B
Especialista em Direito Trabalhista
RAG Institucional
Base de conhecimento centralizada
Advogado C
Especialista em Direito Contratual
Advogado D
Especialista em Propriedade Intelectual
Este modelo cria um ecossistema onde o conhecimento flui de forma bidirecional: do sistema para o advogado e do advogado para o sistema, em um ciclo contínuo de aprimoramento.

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Conclusão: O Futuro é um Ecossistema de Agentes Inteligentes
O futuro da IA no direito se desdobra em dois caminhos complementares, não excludentes. De um lado, a busca por uma ferramenta institucional única e monolítica, um grande repositório de conhecimento centralizado. Este é um caminho válido, embora complexo e de longo prazo.
No entanto, um segundo caminho emerge, mais ágil, democrático e talvez mais alinhado à natureza da expertise jurídica: a criação de um ecossistema de agentes inteligentes, cada um ajustado e treinado pela genialidade de seu especialista. A capacidade de um advogado construir sua própria solução com pouca infraestrutura não é apenas uma alternativa; é uma forma de acelerar a inovação e gerar valor imediato.
Ao adotar o modelo de RAG Curado como base para uma IA agêntica pessoal, criamos uma simbiose poderosa: o advogado fornece a estratégia; o agente fornece a execução autônoma a um custo otimizado. E o conhecimento gerado neste processo pode, inclusive, enriquecer o sistema institucional, tornando-o, ao mesmo tempo, centralizado e profundamente especializado.
Portanto, a questão não é escolher um caminho em detrimento do outro. É reconhecer que, para o advogado na linha de frente, o poder de construir seu próprio agente especialista não é apenas o futuro; é a maneira mais eficaz de começar a praticar uma advocacia verdadeiramente inteligente, hoje.
Abordagem Centralizada
  • Ferramenta institucional única
  • Repositório de conhecimento centralizado
  • Complexa implementação
  • Resultados de longo prazo
Ecossistema de Agentes
  • Soluções personalizadas
  • Implementação ágil
  • Valor imediato
  • Alinhado à natureza da expertise jurídica

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Nota da Autora

As ideias e opiniões expressas neste artigo nascem de uma perspectiva de aprendiz, refletindo minha exploração pessoal sobre o tema, e não representam, necessariamente, a posição da empresa em que atuo.
O presente artigo foi elaborado com base na minha experiência e no conhecimento sobre o ecossistema de Inteligência Artificial até o momento de sua publicação, não possuindo caráter de consultoria técnica vinculativa.
A discussão sobre plataformas e arquiteturas visa explorar possibilidades estratégicas. A implementação de uma solução de IA, especialmente envolvendo dados sensíveis, exige uma análise criteriosa de segurança, custos e conformidade, adaptada às particularidades, regras de governança e desafios específicos de cada organização.
Recomendação Final
Recomenda-se fortemente que uma avaliação técnica detalhada seja conduzida antes da adoção de qualquer ferramenta ou metodologia.
Ticiane Andrade

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